Querem saber porque faço o que faço? Ponham-me no meio e indaguem-me!


Não sou o "adultero" no sentido em questão, mas quem deve ser julgado são os sujeitos sobre quem alerta a respeito.
“...e pondo-a no meio.” Lucas 8.3
Este texto trata do que fizeram com a mulher flagrada em adultério. Segundo o texto, Jesus estava no templo, e o povo ia aprender com Ele. Da mesma forma, as pessoas tem necessidade de ouvir, aprender sobre as verdades divinas, e muitos são os que se deslocam longas distancias para ouvir pregadores proeminentes, que tenham uma mensagem que lhes interesse, a fim de obter conhecimento que lhes ofereça algum tipo de estabilidade, seja em que sentido for, tanto no aspecto espiritual quanto material e se os dois se locupletarem, melhor ainda. Isso é normal, afinal o cristão não sobrevive apenas no espírito, e consequentemente necessita de suporte para o corpo, no sentido material.
Naquela oportunidade, um grupo de pessoas compareceu perante Jesus. Era um grupo de considerado digno, de alto escalão na sociedade, afinal eram pessoas públicas, de reputação inquestionável. Pelo menos deveriam ser. Aquele grupo de pessoas tinham livre acesso ao poder, eram pessoas que eram consultadas em determinadas situações e suas palavras tinham grande peso para decidir certas questões, pois eram pessoas esclarecidas, com formação específica, que compunham uma classe especial dentre a população. Tinham comportamento religioso. Iam ao templo, conheciam muito bem a Lei de Deus, letra após letra. As regras divinas eram do completo conhecimento deles. Demonstravam ter zelo pela Lei Sagrada.
Naquela manhã, aquele grupo respeitado chegou perante Jesus e perante o povo para demonstrar o conhecimento da Lei e colaborar no cumprimento da mesma.
O texto não informa quem ficou de tocaia para flagrar aquela mulher no ato pecaminoso. Mas o que se constata é que aquele grupo encarregou-se de aparecer como os paladinos da justiça.
Apareceram diante do povo, escoltando aquela pecadora que praticava um ato condenável.
O que eles esqueceram de avaliar é a causa que levou aquela mulher a adulterar. Digamos que ela era uma pessoa conhecedora da Lei, e que sabia muito bem que adultério era um crime com pena capital, a ser cumprida com morte por apedrejamento. Ainda assim ela arriscou no ato. Quem teria sido o rabino daquela mulher? Qual seria a conduta daquele rabino? Seria uma pessoa séria na prática religiosa, ou seria um precursor de certo tipo de pastores da atualidade, cujo mensagem pregada não condiz com sua prática diária? Por qual motivo aquela mulher tinha inclinação para aquele pecado? Ela recebia acompanhamento pastoral? Ou pertencia a algum “grupo de crescimento” onde o crescimento é somente numérico e o pastor nunca conhecerá as novas ovelhas que foram agregadas ao “seu” rebanho e que nunca receberão um palavra pessoal ou uma visita? Será que aquela mulher não é uma das milhares que se decepcionaram com alguns líderes religiosos, que foram abandonados devido ao fato de não terem percebido sua ausência no meio das centenas e milhares em sua antiga congregação? Esse é um questionamento que deve ser analisado. O pastor Jorge Linhares em uma de suas pregações mencionou que há uma grande preocupação de uma parte de atuais líderes em ascensão no sentido de evidenciar o status através de bons carros, bons salários devido às boas coletas em suas igrejas.
Voltando ao fato bíblico, os escribas e fariseus tomaram a iniciativa de levar a pecadora à presença de Jesus, relatando o pecado dela, que tipo de pena ela merecia e também qual seria a forma de cumprimento da pena, citando a ordenança de escrita por Moisés. A forma como questionavam Jesus demonstrava mais uma exigência pela forma como faziam, além de tentar colocar em prova a Justiça de Jesus. Muitas são as pessoas que recorrem à justiça tentando obter para si garantias de que suas atitudes e práticas pessoais não serão questionadas por quem quer que seja. Mas como a Justiça pensa como aquele grupo de escribas e fariseus, não questionam o porque da atitude do acusador que visa principalmente prevenir a sociedade de algo pernicioso que se apresenta com roupagem de seriedade e competencia, que conhece a lei e a forma como deve ser cumprida, inclusive conta com apoio de executores da Lei.
É interessante notar que os tais se dirigiram a Jesus tratando-o de Mestre. É um comportamento típico de certo tipo de pessoas que se consideram porta-vozes da verdade referir-se ao Senhor de modo reverente em público. Parecem tão íntimos, tão sérios, tão conhecedores e praticantes da Lei...
Ninguém da multidão questionou aqueles homens. Ninguém era louco, afinal aqueles homens eram supostamente respeitáveis e aquela desconhecida mulher uma pecadora merecedora de punição e de nenhuma credibilidade. Ninguém deu a ela a oportunidade de justificar sua conduta, em procurar saber porque ele tinha feito o que fez. Era uma qualquer. Esse é um dos problemas que existe hoje. Determinadas atitudes de certas pessoas são ignoradas pelo simples fato delas deixarem de ser ouvidas pelo simples fato de serem acusadas por pessoas que supostamente são sérias e supostamente respeitadas. Isso me lembra o fato envolvendo uma jovem que foi
Expulsa da Assembléia de Deus
Uma jovem foi assistir uma festa noutra congregação. Como o culto terminou tarde, ela comunicou à mãe que iria dormir na casa de outra irmã. Naquela noite uma jovem crente daquela casa tentou assediar a primeira, que rejeitou. No dia seguinte ela retornou para casa ainda em estado de choque. Com isso deixou de ir à igreja. Quando fortemente questionada do motivo da ausência, informou o que tinha acontecido. O assunto foi levado ao conhecimento do pastor, que resolveu levar ao conhecimento da igreja. A acusada do assédio foi chamada para se contestar aquela acusação. Em vez de negar, afirmou que outras garotas daquela igreja não rejeitaram o assédio dela, e apontou cada uma dentre as presentes que tinham a mesma prática que ela. O resultado é que aquela jovem foi excluída juntamente com as outras. Umas devido à prática do pecado, e ela por ter se recusado a fazer parte do grupinho promiscuo.
Enfim, quem aponta o pecado passa a ser merecedor de punição tanto quanto quem o pratica. O pior é que na maioria das vezes quem denuncia o pecado passa a ser visto com censura, principalmente quando acusa alguém supostamente acima de suspeita.
Diante da insistência do grupo, Jesus determinou que quem não tivesse pecado algum, que iniciasse a execução da Lei, atirando pedras. O que se verificou é que ninguém se achou capacitado para cumprir a pena. Aqueles sujeitos respeitáveis baixaram a cabeça, saíram de fininho e se foram calados. Quanto à pecadora, aquela que ninguém demonstrou interesse em saber dos motivos que a levaram à pratica do delito, ficou constatado que aqueles homens de reputação ilibada, que detinham profundo conhecimento da Lei e por isso eram merecedores de respeito e credibilidade e que a acusavam eram pessoas que condenaram-se a si mesmas sendo merecedoras da mesma condenação que requeriam para outros.
Por isso é importante lembrar que determinados assuntos devem ser tratados com maior atenção. Por mais simples que seja o que levanta a questão, deve ser merecedor de alguma atenção, pois isso pode resolver ou evitar problemas com conseqüências irreparáveis. Jesus era o maior interessado no cumprimento da Lei, mas tomou uma posição que ninguém esperava.
Com isso desejo salientar que tomem cuidado com o que certas pessoas especializadas em determinados temas pregam em suas igrejas, principalmente se estabelecerem algum preço alegando que “ aquele que está sendo instruído na palavra, faça participante em todas as boas coisas aquele que o instrui.” Gálatas 6.6
Eu não sou nenhum especialista em coisa alguma, não sou especialista em santidade, em família, em finanças, em libertação espiritual, em quebra de maldição, em nada. Sou apenas bereiano. Confiro o que ouço. E não tenho comichão no ouvido no sentido de ouvir o que quero ouvir, e sim o que preciso ouvir. E muito menos me permito ser usado como mercadoria na mão de alguns aventureiros desconhecidos que surgem do nada e são recomendados boca a boca. Pelo contrário. Coloco-me como atalaia no sentido de alertar a Igreja do Senhor a respeito do perigo que ela está correndo por parte dos ataques de supostos pastores, palestrantes, oradores, escritores, etc. Podem me taxar do que quiserem, mas sei do que estou falando.
Se colocar a pessoa certo no meio, surpresas serão reveladas. O santo será desmascarado e o pecador possivelmente expressará o porque do seu “pecado”.
Pr Ozéas de Oliveira
